domingo, 5 de fevereiro de 2012



A minha veia de assistente social dá-me para pensar naqueles que por estes dias não têm uma casa, que são corações sem abrigo afectivo, social e familiar que deambulam pelas grandes cidades e que todos nós volta e meia tropeçamos. Tentamos não pensar muito neles como seres humanos, inconscientemente acabamos por os excluir daquilo que é a nossa realidade. Falo de corações sem abrigo que já tiveram uma vida dita normal como tu e eu e que um dia de si mesmos se exilaram, por cansaço, amargura ou revolta, sem se libertarem das memórias. Alcançaram uma independência amarga de quem, não tendo teto nem afeto, só presta contas à sua própria consciência.
Custa-me pensar neles, e sinto-me grata por todo o conforto que vou tendo!


Passei aqui para vos desejar um domingo de coração bem quentinho junto dos que amam e aproveitem bem tudo o que têm, valorizando cada dádiva!

6 comentários:

  1. Sem casa, sem rumo...
    Com dor, mas com orgulho...

    Orgulho vivo de uma luta sem fim
    e de uma sobrevivência sem igual...
    São estes os humanos a quem ignoramos
    e por vezes os mandamos para o "quintal"

    Para estes devemos olhar,
    são que estes devemos recordar,
    e sobre estes devemos pensar,
    que na vida o sentimento mais importante
    é saber amar...

    Deus vos proteja e aqueça não só o vosso corpo mas o vosso olhar.

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  2. Já tinha pensado nisto!
    Há uns meses, todos os dias passava por um jardim onde estava um senhor a dormir em cima de um banco. Ficava sempre a pensar naquilo, faz-me imensa confusão o facto de ainda haver gente a dormir nas ruas, enquanto nós nos queixamos de barriga cheia com casa e comida quente :|

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  3. Podes crer é mesmo isso, queixar de barriga cheia! eu tenho um carinho especial por este tipo de pessoas. na faculdade fiz uma tese sobre a temática e há uns bons anos atrás deixava muitas vezes um saco com comida a um senhor que morava na rua, mas fazia com que ele nem soubesse quem deixava porque podia de alguma forma levar a mal. como era mais nova pensava que assim deixava alguma coisa e ele não precisava de saber quem. Pensava muito nele... Confesso que penso mais nesta altura do ano... deve ser duro. Felizmente vai valendo o maravilhoso trabalho de muitos voluntários que saem do conforto de suas casas para levar um pouco de comida e ânimo a estas pessoas.

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  4. Eu já sei que muitos vão achar que sou insensível. Mas existem centros de acolhimento sabem? Existe apartamentos de Reinserção, sabem? Existem equipas de rua a tentar trabalhar com estas pessoas, sabem? Existe uma prestação social chamada RSI que permite o aluguer de um quarto, sabem? Então porque é que continuam a existir sem abrigo nas ruas? O que é que está mal??? Acho que continua a haver muito por fazer com estas pessoas!!! Reparem na diferença. Na rua, comem à hora que querem e o que querem, dormem à hora que querem, fazem tudo à hora que querem. NUma instituição não. Existem regras e horários. Na rua não tem de coabitar com pessoas que não gostam, num centro de acolhimento sim. Há muito a fazer!!! Num centro de acolhimento não podem consumir, na rua sim!!! Tudo e mais alguma coisa!!! Tudo se comercializa neste meio! Drogas, serenais, subtex, metadona, até urina quando vão às equipas realizar testes. Esta é a realidade do terreno!!!

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  5. Tenho uma ideia do que existe mas nada melhor do que ter uma perspectiva da prática... acredito que não seja nada fácil! Obrigada pela partilha!!

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