terça-feira, 19 de junho de 2012

Não fui eu que escrevi mas podia...

"Noutro dia, ou um dia desdes qualquer, dei por mim a pensar na sociedade em que vivemos.
Tenho este grande defeito....gosto de pensar, não quer dizer que pense alguma coisa de jeito, mas penso.
Então dei por mim e fiquei preocupada com o que as minhas filhas poderão ou não esperar, de futuro.
Não me refiro a condições de vida, ou se vão poder ou não tirar o curso que querem, ou se vão ou não ter um trabalho que as realize.
Refiro-me a valores, tão pouco frequentes hoje em dia, valores em desuso.
As pessoas hoje são cínicas, andam mascaradas de boas qualidades, de simpatias, de educação.
Vão pelo mais fácil, pelo que cansa menos.
Para o lanche da escola os miúdos levam bollycaos ou bolachas cheias de açucar, porque é mais fácil pôr isso na mochila, trabalhoso é fazer uma sandes.
Não há tempo!
No trânsito a impaciência prevalece.
Apita-se porque o carro da frente vai a 20 à hora e....estamos com pressa!
Numa fila de supermercado não damos a vez a um idoso porque ele não tem mais que fazer, até deve estar reformado, tem todo o tempo do mundo e nós...nós temos pressa!
Para quê sorrir para um desconhecido? Não se conhece de lado nenhum!
Prevalece a insensibilidade!
Hoje em dia qualquer frase como “bom dia” ou “boa tarde” se torna caro....epá não há tempo para essas mariquices!
As relações humanas tendem a ficar de mal a pior.
Não há paciência nem tolerância para pseudo-amizades.
Exigimos de tudo e de todos.
Já só falta passarem a existir acordos escritos entre amigos, um assina em cima outro em baixo, se a meio da amizade um decide questionar uma vírgula que seja....sai fora!
Já para não falar noutro tipo de relações....não há tempo para cativar, para elogiar, para dizer “Gosto de ti”.
Mariquices, larilices, lamechices...é assim que se pensa, não se diz o quanto se precisa de outro alguém, o medo de ser envergonhado, de ser gozado, de ser usado.
No mundo do trabalho a coisa não difere.
Vale tudo, se é para subir subimos!
Passa-se por cima de tudo e de todos, e quando não há argumentos vem a ofensa como fim de conversa, como ponto final, e sem parágrafo.
(...) Nem na política temos políticos, temos sim actores ou fantoches, vivem a decorar textos que alguém escreve, todos menos eles próprios, apenas dão voz ao que decoram, resta saber se na verdade concordam ou não com aquilo.
Hoje em dia não se pensa antes de se falar.
Hoje em dia estamos rodeados de monos emocionais, de monos profissionais...atrevo-me a dizer monos humanos onde nem sempre se aplica a máxima “penso logo existo”, pois existem por existir.
E pior que ser mono de toda a natureza é ainda conseguirem dormir descansados....
É por isto, também, que gosto de andar cá...sem máscaras, e fora de moda."

         (da querida Autora de Sonhos)

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