. . .muito se fala e na verdade todos os dias a vamos sentindo, uns mais que outros.
Neste momento, penso naqueles que têm sérias dificuldades económicas, que estão no desemprego, que estão desanimados, desiludidos pela falta de oportunidades, perdidos pela ausência de uma rede de apoio familiar; daqueles que estão a passar fome, que temem pelos filhos, daqueles que têm de abdicar de estar com os filhos, entregues a familiares, só para eles poderem comer... conheço situações dessas, e infelizmente há cada vez mais.
Da crise muito se fala, já se tornou uma especie de bicho papão que ensombra os nossos ouvidos e a nossa mente a toda a hora. No entanto, penso que mais grave do que a crise económica que enfrentamos é a crise social e de valores em que mergulhámos já há muito tempo. Cada um olha por si e para os seus interesses. Os que têm muito continuam a consumir muito e desmedidamente, não dando valor ao que é sobreviver com uns míseros tostões; os que têm algum, também precisam de comprar as suas coisas, gerir as suas vidas atarefadas e ainda juntar mais algum para os seus "pequenos luxos". Os que nada têm vivem com pouco, um dia de cada vez mas se for preciso até o pouco que têm não se importam de dividir.
Raramente olhamos à nossa volta e partilhamos um pouco do que temos. Quando falo de partilhar digo não só dinheiro, alimentos, mas principalmente o partilhar do nosso tempo, dos nossos sorrisos, o dar uma palavra amiga, o escutar o outro, dar ânimo, estender a nossa mão. Há realmente coisas que não se compram ou pagam com dinheiro. Sei que por vezes é mais fácil fecharmos os olhos às necessidades do outro e pensarmos que nada podemos fazer. Mas podemos!
Acredito que se todos nós pudessemos sair um pouco da nossa zona de conforto, onde o essencial não nos falta, mais pessoas poderiam ter o seu fardo mais leve e a sua caminhada preenchida com raios de sol e esperança!
Por isso faz o que puderes, onde estiveres, com aquilo que tiveres, a quem conseguires!
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